Fragmentos
Resgatei este texto da Célia Musilli, postado há dois anos em um outro blog, achei bem interessante postá-lo novamente pela sua atemporalidade já que mesmo passado dois anos e tanta coisa ter mudado o texto ainda me cabe.
Às vezes fico pensando o que os outros fazem com os instantes vividos. Falo daqueles especiais, quando o tempo pára e a vida suspensa parece um céu estrelado, como a paz de um longo beijo.
Às vezes fico pensando o que os outros fazem com as palavras doces, as frases de entrega, a felicidade espontânea, o afeto que ilumina. Eu geralmente os guardo como um tesouro, por tempo indeterminado. Sou meticulosa como quem coleciona borboletas. Então, alguns instantes duram como a eternidade, até o dia em que, inexplicavelmente, viram bolhas de sabão, translúcidas, frágeis, que desaparecem no ar por encanto ou obra de um deus que passa e as leva para um reino invisível.
A vida é misteriosa, como todas as suas alegrias e tristezas. Dizem que para deixar um grande amor, só mesmo uma nova história de amor. Para esquecer alguém que morre, só mesmo quando nasce uma nova pessoa que faça sentido. Fico pensando se isso é um remédio? Um bálsamo? Uma panacéia afetiva que tem o efeito de um chá, quando a gente volta de uma viagem e nem quer mais pegar a estrada.
Tudo o que se sabe é que o amor é um pássaro sem pouso que inspira poemas rebeldes, delicados, apaixonados, putos da vida, doídos feito as feridas abertas por sabres do diabo e sopradas por querubins.
O amor, meu querido, sempre vem e passa para nos deixar uma boa dose de perplexidade, de transmutação, de encantamento. Por isto, ninguém sai igual de uma história de amor. Seja o amor fraterno, censurado, quase eterno ou abandonado. São tantas as suas faces espelhadas, estilhaçando nossos pontos de vista.
Mas pergunto: para onde vão os instantes? São misteriosos como os guarda-chuvas que se perdem? Os brinquedos que desaparecem? As chaves que nunca mais se vê, deixando nossos armários fechados, sufocando as lembranças quase vivas?
Passado mais um ano. Balanço anual a todo vapor. Meus momentos, doces ou amargos são guardados em grandes caixas de recordações, pequenos retalhos e imagens vividos que nunca me farão esquecer o que devo lembrar para crescer gradativamente. Erros, mudanças e reviravoltas marcaram meu ano de 2011, o ano que se aproxima pode ser o marco de tentar acertar, não espero nada de 2012 apenas espero tudo de mim. Meta para o próximo ano: Apenas viver, sem errar (ou ao menos tentar).
Feliz Ano Novo a todos que nos acompanharam em mais um ano do Blog Sabe-Nada!